O Programa Professores para o Futuro (The VET Teachers for the Future) foi uma cooperação internacional entre Finlândia e Brasil, a qual convidou aproximadamente 120 professores da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica para estudar, inicialmente, três a quatro meses em nas Universidades de Ciências Aplicadas de Häme e Tampere, onde eles aprenderam sobre o modo Finlandês de aprender e sisu, e então no Brasil com os projetos regionais de desenvolvimento.
Eu viajei para a Finlândia em abril de 2016, cheio de expectativa e sem ideia alguma sobre o que poderia acontecer. Em HAMK, na Faculdade de Educação Profissional de Professores, fui apresentado à Educação para o Século XXI, Aprendizagem integrada de Conteúdo e Linguagem, Aprendizagem centrada no estudante, Estratégias para aprendizagem ativa, Ferramentas digitais para auxiliar o processo de aprendizagem e muito mais. Entre lições e discussões, visitei algumas escolas profissionais, cursos de graduação e Campus de HAMK, por exemplo Valkeakoski, Evo e Mustiala. Com o propósito de tornar tudo muito claro para mim, a cada oportunidade de visita e encontro com professores finlandeses, eu fiz tanto minhas observações e perguntei a eles se lecionavam realmente da forma que eu estava a aprende – digo, se eles eram realmente facilitadores do processo de aprendizagem centrado no estudante. Eu também questionei alguns estudantes finlandeses sobre o plano de estudo individual, tarefas de casa e aprendizagem integrada de conteúdo. Eu fiquei surpreso! Tudo era verdade nas escolas finlandesas. Essa cultura de aprendizagem não é retórica, mas ações concretas nas escolas e universidades de ciências aplicadas finlandesas.
Para a etapa brasileira do Programa Professores para o Futuro, nós planejamos, desenvolvemos e avaliamos um trabalho colaborativo que envolveu um time de professores. Minha equipe era composta por Gabriel Guerreiro, do IFAM-CMDI; Rodrigo Alves, do CEFET-MG; Rodrigo Rossi, do IFTM-Uberlândia e eu, Antonio Jr, do IFRO-Porto Velho Calama. Da nossa perspectiva, Professores da Educação Profissional brasileiros tem desafios com estudantes desmotivados, os quais são retidos ou evadem como consequência de aulas muito tradicionais e aprendizagem centrada no professor. Então, conduzimos uma pesquisa-ação para identificar os obstáculos à instalação de estratégias de aprendizagem centrada do estudante e estratégias de aprendizagem ativa no Brasil, especialmente na Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. Nós, também, planejamos a criação de uma marca para o compartilhamento de nossas experiências e outras boas práticas na Educação Profissional brasileira. A marca foi chamada “Educação para o Futuro” e originou a tag #EDU4F (http://vetteachers2016.blogspot.com.br/2016/06/edu4f.html).
Certamente, meus estudos em HAMK foram um pequeno passo para mim como estudante, mas um grande salto como professor profissional. Quando retornei ao Brasil, eu percebi o quanto eu tinha mudado após aquele intensivo treinamento para professor. Para cada desafio eu encontrei uma solução em minha caixa de ferramentas finlandesa e eu tinha a resiliência para lidar com isso. Eu preparei uma sala de aula para aprendizagem ativa, desenvolvi uma estratégia de ensino centrada no estudante com adultos e adolescentes, eu orientei estudantes para o desenvolvimento pessoal e profissional através do processo de ensino-aprendizagem. Acima de tudo, estudantes e eu estabelecemos juntos um melhor lugar para viver e aprender, uma comunidade de aprendizagem, e eu facilitei a produção de demonstrações de competência incríveis por estudantes interessados em mostrar a evidência da aprendizagem.
Durante meu treinamento de professor, na Finlândia, eu aprendi como aplicar ferramentas digitais para orientar os estudantes em um processo criativo. Eu acredito que isso é importante, porque as soluções digitais são praticamente ubíquas atualmente, e elas podem ser entendidas como um conjunto de redes sociais, sites para compartilhamento de conteúdo e ferramentas para criação e publicação. Tal conjunto fornece um novo e ampliado ambiente de aprendizagem para os estudantes.
Aprender como utilizar as ferramentas digitais de uma forma significativa é mandatório para as escolas no século XXI, por exemplo, para reuniões remotas, conexão com a comunidade e empresas, planejar e divulgar produtos e serviços e, além disso, criar um portfolio digital das competências profissionais como mostruário para networking e facilitar a contratação em um emprego. Enfim, o letramento digital é crucial para qualquer cidadão ou profissional do Século XXI. Então, durante o desenvolvimento da etapa brasileira do programa de treinamento de professores, eu decidi ir fundo no uso das ferramentas digitais para otimizar o processo de aprendizagem. Estudantes e eu desenvolvemos Vídeos no Youtube (https://www.youtube.com/watch?v=Bx7lBR_UOZU), Comic Strips, Text2MindMap, Padlet e Pivot Animator como meio de demonstração das competências desenvolvidas e para a avaliação da aprendizagem. Seguindo o planejamento feito na Finlândia, eu compartilhei as experiências desenvolvidas no Facebook com referência à tag #EDU4F tag. Veja alguns exemplos no blog: Making IFRO Transparent: https://makingifrotransparent.blogspot.com.br/
Nem só de ferramentas digitais um professor de aprendizagem ativa viverá, mas também da produção analógica realizada por estudantes engajados. Novamente, eu abri minha caixa de ferramentas finlandesa e saquei uma ideia: dei aos estudantes toda a liberdade necessária para o uso de ferramentas e métodos necessários para que eles mostrassem o que foi aprendido durante o curso. Acredito que obtivemos resultados impressionantes. Os estudantes criaram demonstrações de competência criativas com uma forte assinatura pessoal. Observe as fotos e pense: quantas horas foram dedicadas à produção realizada?
Eu também documentei a produção ativa e o processo de aprendizagem realizados pelos estudantes através de fotos e vídeos, esse material foi publicado com Stayfilm App (uma experiência de team teaching: https://www.stayfilm.com/movie/watch/37890128-457f-4061-9610-7e3e048eb093) e Magisto App (oficina de treinamento de professores: https://www.magisto.com/video/LFodPkEVHm05XBJgCzE).
Essa documentação afetou profundamente os estudantes. Quando eles assistiram a eles mesmos estudando, produzindo e aprendendo, eles tornaram-se mais conscientes do próprio trabalho e mais comprometidos com o resultado. Além disso, as atividades dentro da escola tornaram-se mais transparentes à comunidade. Outros professores e cidadãos da região ficaram interessados sobre as habilidades para o século XXI e educação profissional.
Hoje, me arrisco em dizer que #EDU4F é uma tag para o compartilhamento de boas práticas em estratégias para aprendizagem ativa na educação profissional. Que tal compartilhar as suas próprias experiências no Facebook, Blogger e outras mídias? Vamos juntos construir uma rede de colaboração, na qual professores e estudantes ao redor do globo poderão compartilhar a paixão por aprender!
Dr. Antonio dos Santos Junior
Professor EBTT
IFRO Porto Velho Calama
antonio.junior@ifro.edu.br